25 de agosto de 2007

Mulheres e a Matemática

Através dos séculos as mulheres foram desencorajadas a estudar matemática, mas apesar da discriminação houve algumas que lutaram contra os preconceitos gravando seus nomes na história da ciência. A primeira mulher a produzir um impacto nesta disciplina foi Theano, no século VI a.C. Ela começou sua carreira como uma estudante de Pitágoras e acabou se casando com ele. Pitágoras é conhecido como “o filosofo feminista” porque ativamente encorajou mulheres estudantes. Theano foi uma das vinte e oito mulheres irmãs da Irmandade Pitagórica.


Nos séculos seguintes, filósofos como Sócrates e Platão continuaram a convidar mulheres para suas escolas, mas foi somente no século IV de nossa época que uma mulher fundou sua própria escola de matemática, e se tornou muito influente. Hipácia, filha de um professor de matemática da Universidade de Alexandria, ficou famosa por fazer as dissertações mais populares do mundo conhecido e por ser uma grande solucionadora de problemas. Ela era obcecada pela matemática e pelo processo de demonstração lógica. Quando lhe perguntavam por que nunca se casara ela respondia que era casada com a verdade. E finalmente, sua devoção à causa da racionalidade causou sua ruína, quando Cirilo, o patriarca de Alexandria, começou a oprimir os filósofos os cientistas e matemáticos, a quem chamava de hereges, ele tramou contra Hipácia e instigou as massas contra ela:

“Num dia fatal, na estação sagrada de Lent, Hipácia foi arrancada de sua carruagem, teve as roupas rasgadas e foi arrastada nua a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e sua horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada de seus ossos com ostras afiadas e seus membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas.”
Edward Gibbon – Historiador.



Logo depois da morte de Hipácia a matemática entrou num período de estagnação e somente depois da Renascença foi que outra mulher escreveu seu nome nos anais da matemática. Maria Agnesi nasceu em Milão em 1718 e, como Hipácia, era filha de matemático. Ela foi reconhecida como um dos melhores matemáticos da Europa e ficou particularmente famosa por seus tratados sobre tangentes às curvas.
Embora os matemáticos de toda Europa reconhecessem as habilidades de Agnesi, muitas instituições acadêmicas , em especial a Academia Francesa, continuaram a lhe recusar uma vaga como pesquisadora. A discriminação institucionalizada contra as mulheres continuou até o século XX, quando Emmy Noether, descrita por Einstein como “o mais significante gênio matemático criativo já produzido desde que as mulheres começaram a cursar os estudos superiores”, teve negado seu pedido para dar aulas na Universidade de Göttingen.
Assim como Hipácia, Agnesi e a maioria das outras matemáticas, Noether nunca se casou, era filha de matemático.De todos os paises da Europa a França era o mais preconceituoso quanto a mulheres instruídas, declarando que a matemática era inadequada para as mulheres e além da sua capacidade mental.

No começo do século XIX uma jovem francesa Sophie Germain viveu uma era de preconceitos e chauvinismo. Para realizar suas pesquisas ela foi obrigada a assumir uma identidade falsa, estudar sob condições terríveis e trabalhar em isolamento intelectual.
Então, em1794, a Écolle Polytchenique foi inaugurada em Paris uma instituição reservada somente para homens. Ela assumiu a identidade de um ex-aluno, Monsieur Antoine-August Le Blanc, assim conseguiu ter acesso a tudo que era destinado ao ex-aluno e entregava as respostas dos problemas, em dois meses o supervisor do curso, Joseph-Louis Lagrange, não pode mais ficar indiferente ao talento demonstrado nas respostas de Monsier Le Blanc que anteriormente era conhecido por seus péssimos cálculos. Lagrange era um dos melhores matemáticos do século XIX. Lagrange ficou atônito em conhecer a jovem e tornou-se imediatamente seu amigo e mentor.
Ela iniciou uma carreira frutífera na física, uma disciplina em que se destacaria apenas para enfrentar os preconceitos da sociedade. Sua contribuição mais importante foi a “Memória sobre as vibrações de placas elásticas”, um trabalho brilhante que estabeleceu as fundações para a moderna teoria da elasticidade. No fim da sua vida a Universidade de Göttingen lhe concedeu um grau honorário, mas ela faleceu antes de câncer nos seios.

“Quando a Torre Eiffel foi erguida, uma obra onde os engenheiros precisaram dar ma atenção especial a elasticidade dos materiais usados, os nomes dos 72 sábios foram gravados na estrutura. Mas ninguém encontrara nesta lista o nome desta mulher genial, cujas pesquisas contribuíram tanto para a teoria da elasticidade dos metais: Sophie Germain. Teria sido ela excluída da lista pelo mesmo motivo que tornou Agnesi inelegível para a Academia Francesa – porque era mulher? Parece que sim. Se foi este o caso é a vergonha sobre os responsáveis por tamanha ingratidão para com alguém que serviu tão bem a causa da ciência. Alguém cujas realizações lhe garantem um lugar invejável na galeria da fama.”
H.J Mozans, 1913.



Texto retirado do livro:O Último Teorema de Fermat. Simon Singh.

Deste resumo deve ter ficado muitas outras mulheres brilhantes de fora , pois o livro aborda somente as que tiveram alguma importância na solução deste enigma que demorou 300 para ser solucionado o Último Teorema de Fermat. Depois trago mais explicações sobre este enigma.


Imagens:
Torre Eiffel : www.antiform.it

16 comentários:

Blog do M@rcondes disse...

Os matemáticos na realidade devem nutrir uma espécie de preconceito velado contra as mulheres. Digo isso pela frase, cujo autor desconhecido deve ser uma autora: “A MATEMÁTICA É A ÚNICA CIÊNCIA EXATA, NÃO ERRA, OS MATEMÁTICOS É QUE SÃO FALHOS”. Essa “dura verdade” deve ter feito com que se proliferassem os “clubes do Bolinha” no meios dos simpatizantes dos números e cálculos, em detrimento das sábias representantes femininas. Gostou do visual? É, renovar para não enjoar) Abraços! E parabéns pelo texto, cultura nunca é demias!

Poeta Đa Lua disse...

rosa, vou ter de voltar mais vezes...
vc já sabe o porquê... risos!!!

um abraço e um sorriso!

Poeta Đa Lua disse...

ah, é sempre bom retornar...
beijo-te...

Anônimo disse...

Rosa, esse texto é interessantíssimo, eu até fiquei com vontade de ler o livro (anotei o nome e vou procurar). O trágico destino de Hipácia não foi exclusivo das mulheres que se dedicavam as ciências exatas. Ao longo dos séculos, num mundo governado por homens, as mulheres não só tiveram o seu acesso a qualquer tipo de conhecimento restringido pelo preconceito, como aquelas que ousaram desafiar os limites pagaram caro por isso.

Ricardo Rayol disse...

maravilhoso é pouco.

Anônimo disse...

nossa eu gostei por demais deste post...primeiro que amo historia, e segundo que adoro historia de superação e quebra de parametros, os homens tem mais facilidade com a matematica por usarem mais a parte logica do cerebro, mas isso não é regra, eu pelo menos sou pessimo em matematica, e minha sobrinha só tira 10 nas provas dela, acho que o preconceito é em mts esferas da sociedade, por exemplo qdo falavam q os negros não podiam ser pilotos de guerra por "não enxergarem no escuro" são coisas criadas só pra oprimir, assim os negros iam pra linha de frente, sempre os primeiros a morrer... gostei mt do post, qdo postar mais sobre o assunto me avisa que vou amar ler...beijosssss

p.s...bom eu não encaro um karate com vc não rsrsrs...eu tava pensando em judô pois tem uma escola aq na minah rua, e falo pra ela q é melhor ser baixinha, q as baixinhas são as mlhores, eu pelo menos tenho queda por mulheres baixinhas

Anônimo disse...

Rosa seu blog está cada vez mais instrutivo, parabéns

Anônimo disse...

Bacana as mulheres fazendo a diferença.Beijuuss

Ácido Cloridrix HCL disse...

Eu tb não sou muito bom em matemática, mas 1+1 = 69?
HCL

Anônimo disse...

isso que é gostar de mulher! esses homens da época só estavam protejendo elas das sacanagens da vida. Já que os próprios não podiam fazer croché...

Anônimo disse...

esqueceu de Emmy Noether, ada lovelace entre outras

Anônimo disse...

A Matemática é uma ciencia que deve estar disponivel a todas as pessoas independente de raça,sexo etc.Foi uma ciencia criada para o usufutro de todos na sociedade.Portanto deve estar acessivel a qualquer ser humano.E ESSA coisa de mulher ter menor capacidade intelectual para compreender ciencias exatas é pura balela.

Anônimo disse...

Que bom que pudemos(Equipe da Escola Terezinha) saber mais sobre as mulheres na Matemática, por meio de seu trabalho. É que vamos destacá-las num Projeto que vai ser realizado no Dia Internacional da Mulher em Nossa escola. Vamos destacar o preconceito contra a participação destas mulheres na Matemática e, claro suas contribuições para a humanidade.
Parabéns!

Marilene disse...

Que bom descobrirmos informações sobre as Mulheres na Matemática.
É que estamos(Equipe de professores da Escola Terezinha, Capitão Poço/PA), com um Projeto a ser realizado no Dia Internacional da Mulher, onde objetivamos mostrar o preconceito com essas mulheres e, é claro, suas contribuições para a humanidade. Parabéns

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